Uma droga de rápida absorção, prazer efêmero e
devastadora para o organismo. Forma menos pura da cocaína, o crack causa danos
ainda maiores ao corpo humano pela velocidade e potência com que seus
componentes chegam ao pulmão e ao cérebro. Hipertensão, problemas cardíacos,
acidente vascular cerebral (AVC) e enfisema são alguns dos efeitos do seu
consumo. Apesar de todos esses males, a violência e o vírus HIV ainda são
apontados como as principais causas de morte dos usuários de crack.
O psiquiatra
Fernando Madalena Volpe - que fez um estudo sobre a relação entre a vasculite
cerebral e o uso de cocaína e crack - explica que o crack provoca uma má
circulação aguda, o que deixa os usuários mais suscetíveis a problemas que
podem acometer órgãos nobres, como o cérebro e o coração. Ele ressalta, no
entanto, que o risco de o usuário ter tais disfunções ocorre independentemente
da dose consumida:
''No senso
comum, diz-se que todo mundo que morre após consumir drogas foi por overdose, o
que transmite a mensagem de que apenas se usar demais é que se pode morrer por
causa da droga. Isto é um mito, pois mesmo com doses usuais, um indivíduo pode
sofrer infartos cerebrais ou cardíacos. Até mesmo na primeira cheirada ou
pipada.'', Conta.
Segundo
Volpe, o AVC pode acontecer até mesmo depois de o usuário ter parado de usar a
droga por um tempo, pois ele pode ter desenvolvido uma inflamação crônica das
pequenas artérias, chamada de vasculite.
O pulmão é
outro órgão seriamente atingido pelas substâncias do crack. O psiquiatra Jairo
Werner, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e
coordenador do Grupo Transdisciplinar de Estudo e Tratamento de Alcoolismo e
outras Dependências da Universidade Federal Fluminense (UFF), explica que a fumaça
do crack gera lesões nos pulmões que causam problemas respiratórios agudos,
tosse e dores no peito:
''Tive um
paciente que, com 15 anos, já tinha enfisema pulmar. Como o crack é fumado,
provoca muitas alterações no pulmão, e em seis meses de uso, já pode ter o
enfisema'', afirmou Jairo Werner.
De acordo
com o psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e
outras Drogas (Abead), Carlos Salgado, uma vez aquecida, a pedra de crack
facilmente libera o principio ativo da droga. O usuário então aspira uma
pequena quantidade de fumaça quente, que chega aos pulmões em alta temperatura.
''O usuário
queima a boca, os dedos, as vias aéreas e o pulmão. Em alguns casos, chegam a
ser feitas feridas, úlceras junto ao lábio pela alta temperatura do cachimbo ou
da latinha'', explica Salgado.
Violência é
a principal causa de morte entre usuários de crack
O
emagrecimento repentino também é um dos efeitos do crack porque o organismo
passa a funcionar em função da droga, e o dependente mal come ou dorme. Assim,
os casos de desnutrição são comuns. Werner relata que já teve pacientes que
perderam entre dez a 30 quilos em uma semana:
''A pessoa
fica virada e só para por exaustão. O uso do crack altera o centro da fome: há
uma hiperdosagem de neurotransmissores, e a pessoa não sente necessidade de
outras coisas. '', Comenta.
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