Diálogos interceptados na operação mostram que Cachoeira planejava
fracionar e revender pequenos lotes da propriedade. A venda de todos os
lotes, perto de Luziânia, poderia render R$ 58 milhões ao bicheiro. Ou
seja, o negócio renderia lucro de quase R$ 40 milhões. Um dos documentos
obtidos pela polícia indica que Cachoeira ofereceu como entrada três
carros Mitsubishi, e o restante seria parcelado até a legalização da
fazenda. A terra está sendo pleiteada pelos supostos proprietários por
usucapião.
“Tal aquisição já foi objeto de relatório específico o
qual demonstrou que no caso da compra da fazenda Santa Maria integrantes
da ORGCRIM (organização criminosa) confiaram que o investimento de
milhões de reais seria viabilizado mesmo com dificuldades, que seriam
barreira para qualquer investidor sem ramificações ou influência no
setor público uma vez que a fazenda Santa Maria encontra-se sub-judice”,
informa relatório da Polícia Federal obtido pelo GLOBO. O processo para
a legalização da fazenda tramita na Justiça, em Brasília.
A
polícia começou a desconfiar do uso de Andressa como laranja da
organização de Cachoeira depois de apreender, no computador de Gleyb
Ferreira, a cópia de um contrato particular “de compra e venda com
recibo de sinal” em nome da namorada do bicheiro. Pelo documento, a
fazenda seria comprada de Dinah Cardoso Mendes e Norgente Pereira Mendes
e repassada para a namorada de Cachoeira. Como sinal, foram oferecidos
três veículos automáticos da Mitsubishi.
O restante seria dividido
em parcelas de R$ 65 mil por mês a partir de março deste ano até a
legalização da terra, com o julgamento final da ação de usucapião. O
negócio era de alto risco. Afinal, não seria possível antecipar o
resultado de uma decisão judicial. Mas, ainda assim, a organização de
Cachoeira apostou alto no negócio. Em 2 de fevereiro, 26 dias antes de
ser preso, Cachoeira tratou da compra da fazenda com Andressa. O diálogo
foi gravado na Operação Monte Carlo.
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