Paula Miraglia, do iG:
Controle social ameaçado - As mortes da juíza Patrícia Acioli e do jornalista Décio Sá são prova de que suas denúncias e acusações tinham lastro
A morte trágica de Décio não é um caso isolado, ele foi o quarto
jornalista morto no Brasil esse ano em cirscustências similares.
Mas lembremos que a imprensa não tem sido o único alvo de ataques dessa
natureza. Em 2011, a juíza Patrícia Acioli foi alvejada com 21 tiros,
quando chegava em casa, no Rio de Janeiro.
Acioli foi responsável pela condenação de vários policiais corruptos e,
na época do crime, estava prestes a julgar um novo caso de corrupção
envolvendo policiais. Os 11 suspeitos do crime estão presos e são todos
policiais militares.
Também no ano passado, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) teve
que deixar o País com a família em razão de ameaças de morte
constantes. O deputado foi presidente da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio. Um dos
resultados da CPI em 2008 foi o indiciamento de mais de 200 pessoas
entre, policiais militares e civis, bombeiros políticos, e a prisão de
boa parte deles. Na época da CPI Freixo, já havia sido intimidado, mas
antes de deixar o País, o deputado recebeu sete ameaças de morte.
O controle social exercido por jornalistas, juízes e, alguns casos,
políticos, cumpre um papel essencial num contexto como o brasileiro,
onde não apenas as instituições são ainda frágeis, mas a corrupção é
endêmica. As mortes de Patrícia Acioli e de Décio Sá são prova de que
suas denúncias e acusações tinham lastro.
Infelizmente, é justamente a fragilidade e pouca capacidade de fazer
valer a lei das nossas instituições que tornam essas pessoas
completamente vulneráveis frente ao crime organizado.
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